sábado, 28 de janeiro de 2012

VOLTA ÁS AULAS


Volta às aulas: Ortopedista alerta quanto ao peso das mochilas

Publicação: 28/01/2012 08:10 Atualização:
Alex Costa - Diário de Natal

Um novo ano letivo se aproxima e com ele muitas preocupações a que pais e mães estão submetidos. Gastos com materiais escolares e matrículas estão em primeiro lugar na lista obrigações. Mas e em relação à saúde dos filhos? Será que os pais observam se a mochila escolar do seu filho é ideal para o transporte de livros e materiais? A resposta dada pelo ortopedista César Gugliotti Nucci é "nem sempre". O número de crianças com problemas lombares é crescente devido ao descuido e ao mau uso das mochilas.

"Não dá para pensar em escola sem pensar na mochila. Afinal, ela é a grande companheira das crianças ao longo de todo o dia. Por isso os cuidados precisam ser ainda maiores", alerta o especialista. De acordo com Nucci, na hora de comprar uma mochila nova, é preciso considerar o tamanho e o peso da criança. "Existe um consenso de que o peso das mochilas não pode ultrapassar 15% do peso da criança, a fim de evitar problemas na coluna", reitera.

Por sua vez, Nucci aconselha que as crianças utilizem mochilas de rodinha, uma vez que não há prejuízo na hora do transporte, sempre atentando para a altura da criança. "Se a criança for muito alta, temos que providenciar uma alça para puxar mais comprida, pois se as crianças se abaixarem isso vai provocar uma curva atrás e consequentes dores nas costas", disse.

Se as crianças resistirem e não quiserem usar, de maneira nenhuma, as rodinhas, o ortopedista recomenda que o peso da mochila de duas alças seja 10% do peso da criança. Ou seja, uma pessoa que pesa 30 kg não pode carregar uma mochila com mais de 3 kg de material escolar.

Questionado sobre o tipo de mochila mais aconselhável, César Nucci é simples: "O problema não é a mochila, mas o peso que se leva nela, pois o peso produz uma grande tração e pressão sobre a musculatura e as articulações, devido a sobrecarga da mochila", afirma. "É preciso alertar os professores para não que obriguem as crianças a transportarem tantos materiais e livros diariamente no trajeto casa-escola; esse diálogoé bastante importante. O ideal, é que as crianças não levem mais peso do que o recomendado.", reforça.

Solicitar a instalação de armários para manter aqueles livros mais pesados é uma solução para aliviar o peso das mochilas. O excesso de peso é um problema grave, porque gera conseqüências irreversíveis em longo prazo nas crianças e pode provocar desde escoliose infantil, até uma cifose ou uma artrose precoce, além da má postura. "Pode até, em alguns casos, impedir o crescimento dos ossos da criança", reforça Nucci.

César Nucci adverte que outro dos fatores a ser levado em conta é a atividade física e ressalta que o sedentarismo é prejudicial à saúde motora das crianças. O ortopedista insiste que as crianças pratiquem algum tipo de atividade física ou esporte e evitem permanecer durante muito tempo sentados. Além disso, deve-se observar se o mobiliário escolar é adequado à altura que tenha a criança, para evitar a má postura que é outro fator que prejudica as costas das crianças.

Preocupada com a saúde dos filhos, a advogada Karla Ribeiro, de 38 anos, já escolheu a mochila do seu filho mais novo, Rafael, de seis anos. "Ele prefere de rodinhas. O modelo que ele escolheu é do temas Carros. Isso impulsiona a criança a querer usar esse tipo de mochila, já que eles imaginam estar puxando um carrinho", recorda a mãe. Karla pretende comprar ainda a nova mochila de Mariana, de oito anos. "Com certeza será uma mochila com rodinhas, adequada à altura dela. Prefiro ainda mais as mochilas com três rodinhas, que facilitam subir escadas simplesmente puxando a bagagem", complementa.

Segundo a mãe, as crianças têm armários na escola, para guardar os itens básicos e garantir que a mochila não ande tão cheia de materiais escolares. Nas lojas, a maioria das mochilas em estoque são com rodinhas que, apesar de mais caras, são as mais queridas pelas crianças e pais cuidadosos.

Já Karinne Correia, de 35 anos, não faz questão das mochilas com rodinhas para o seu filho de 10 anos, Túlio. "Ele já está grande para usar esse modelo. Como ele pesa na faixa dos 44kg ele vai conseguir levar os 10% recomendados pelos especialistas", brinca a mãe. Adquirindo uma nova mochila de duas alças, a Karinne observou o acolchoamento da bagagem e alegou: "É melhor comprar uma mochila durável e que traga conforto para o seu filho. Fora dessas condições, as conseqüências são inevitáveis", finaliza.

Além de levarem o peso recomendado pelos especialistas, as crianças devem:

- Usar mochilas com correias largas e acolchoadas, e com encosto também acolchoado

- Usar mochilas com ajustes firmes, procurando mantê-la a uns 5 cm acima da sua cintura

- Carregar a mochila sempre pelas duas correias e nunca por uma somente, para não sobrecarregar um dos ombros

- Organizar a mochila colocando os livros mais pesados mais próximos e colados na coluna, e manter cada coisa em seu devido lugar

- Optar por levar mochilas com rodas

- Manter a coluna reta, e não curvada, para levar a mochila com rodas

- Limitar o peso do conteúdo e evitar transportar cargas inúteis. Se a mochila é muito pesada, a criança se vê obrigada a curvar-se para frente ou flexionar para frente a cabeça e o tronco para compensar o peso

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