Por Irismarqueks A. Pereira - 01/03/2022.
Como sociólogo eu não posso me
calar diante de tantos noticiários midiáticos, apelativos e de tanto protecionismo
americano e europeu contra a Rússia. Como um observador, pesquisador e leitor
da história, é tarefa urgente analisar as relações sociais.
Formar uma opinião hoje em dia é um processo muito veloz, geralmente se você assiste muita TV a enxurrada de notícias é ao mesmo tempo volumosa, rapidamente reproduzida e aceita pela maioria das pessoas que ouvem e veem. Porém, essas "certezas" que vão se construindo são na verdade parte de um Projeto Midiático que está a serviço do pensamento hegemônico capitalista, vendem a ideia de que a subjetividade individual, o julgamento livre de cada pessoa sobre qualquer tema está preservado. Mas o excesso de informação não garante que o juízo de valor formulado esteja realmente correto. o Autor Jorge Larrosa Bondía, Doutor em pedagogia, escreveu em Notas sobre a experiência e o saber de experiência, o seguinte conceito sobre o excesso de informação:
"O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que consegue é que nada lhe aconteça".
Larrosa ainda afirma que, o sujeito moderno é um sujeito informado que, além disso, opina. É alguém que tem uma opinião supostamente pessoal e supostamente própria e, às vezes, supostamente crítica sobre tudo o que se passa, sobre tudo aquilo de que tem informação.
Quando conseguimos refletir sobre parte dos acontecimentos históricos relacionados a geopolítica, observamos que esse mesmo discurso humanitário amplamente demonstrado pela Europa e Estados Unidos, não corresponde aos fatos se observarmos as atrocidades e barbáries cometidas por eles no desenrolar da história da humanidade.
Não é preciso concordar com a guerra e os
motivos que levaram a ela, mas não podemos deixar de ver os dois lados da
história.
VALE TRAZER À MEMÓRIA ALGUNS EVENTOS, MESMO QUE TRÁGICOS:
O tribunal da inquisição que na
Idade Média que matou e torturou, sem chances de defesa, milhares de pessoas
consideradas hereges sob a ótica do catolicismo na Europa, sobretudo na Espanha
e Alemanha. E ao longo da história os inúmeros estupros cometidos por missionários
europeus a crianças, meninos e meninas espalhados na América e África.
O genocídio promovido no chamado “Descobrimento
da América” autorizado pela coroa espanhola aos habitantes nativos dos impérios
Inca e Asteca. Civilizações inteiras foram mortas e outras escravizadas
motivadas pela ambição expansionista territorial e do saque de riquezas.
Já o Império Inglês foi o que
mais invadiu e saqueou nações ao redor do mundo: Andorra, Bielorrússia,
Bolívia, Burundi, Chade, Congo, Costa do Marfim, Guatemala, Ilhas Marshall,
Liechtenstein, Luxemburgo, Mali, Mônaco, Mongólia, Paraguai, Quirguistão,
República Centro-Africana, São Tomé e Príncipe, Suécia, Tajiquistão,
Uzbequistão e Vaticano.
O nazismo alemão por sua vez,
dispensa apresentação. É de conhecimento de todos que mais de 5 milhões de
judeus foram mortos, incluindo 3 milhões na Polônia e mais de 1 milhão na União
Soviética pelas mãos dos nazistas, além de judeus, foram mortos cerca de 500
mil ciganos, centenas de gays e filhos de mulheres alemães com soldados
africanos negros além do extermínio de 200 mil deficientes físicos.
Por sua vez, nos Estados Unidos você é livre para
se tornar e defender ampla e publicamente a ideologia neonazista, o mais
absurdo, é amparado pela Constituição. Entre todos os males produzidos por eles no mundo está a escravização cruel de seres humanos negros.
Quando se sentem ameaçados, a
questão humanitária acaba. Basta lembrar
quando o FBI e CIA a mando do governo mataram o ativista norte-americano Fred
Hampton, Presidente do Partido dos Panteras Negras e o ativista político Martin Luther King que
liderava o movimento por direitos civis para a comunidade afro-americana e
quase 700 tentativas de assassinato contra o líder cubano Fidel Castro. E sim, são
os EUA que fundaram e que abrigam a organização terrorista Ku Klux Klan que difunde o pensamento supremacista branco.
A geopolítica fica em segundo
plano e a romantização da paz mundial ganha força na Mídia Jornalística, algo que
não aconteceu quando os soldados americanos invadiam, matavam crianças, estupravam mulheres e matava civis nas guerras do Iraque e Afeganistão. Quando a URSS tentou
montar uma base de mísseis balísticos soviéticos em Cuba, os EUA rapidamente promoveram
embargos a ilha e ameaçou o inicio de uma guerra nuclear no auge da Guerra
Fria.
Por fim, para a Rússia não é
apenas uma questão de ATAQUE, mas sim de DEFESA. Atualmente é uma nação que está
cercada geograficamente, de um lado o Alaska (território americano) do outro, pela maior parte
dos países ligados a OTAN. A Ucrânia seria a forma de sacramentar um projeto
futuro de dominação e ataque iminente ao país, sobretudo na fragilidade de uma
futura sucessão presidencial na Rússia em que o sucessor não tivesse o mesmo
pulso firme, convicção e inteligência do Putin.
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