Para
muitos, ‘bater em mulher’ ainda não é crime, o que gera aumento da violência
que, muitas vezes, leva a morte
No Dia de Combate à Violência Contra a Mulher, dia 25 de novembro, uma triste realidade: seis anos após a promulgação da Lei Maria da
Penha, estatísticas
recentes mostram uma tendência de aumento da violência contra mulheres no
Brasil apesar dos esforços no combate à violência e o aumento no número de
denúncias. Em 2010, por exemplo, foram 4.297mulheres assassinadas.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU)
indicam que mais de 70% das mulheres em todo o mundo sofrem algum tipo de
violência de gênero ao longo da vida. A estimativa é que uma em cada cinco
mulheres seja vítima de estupro ou de tentativa de estupro.
Desde a Paz no Lar até a Paz no Mundo
Este é o tema deste ano da campanha lançada dia (25) em mais de 160 países pelo Centro pela Liderança Global das
Mulheres.
A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher terminará
em 10 de dezembro, quando é lembrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos,
e tem como objetivo buscar celeridade em inquéritos policiais e processos, além
de sensibilizar a população sobre a importância de denunciar casos de violência
contra mulheres.
“Na
verdade a violência contra as mulheres é uma forma de controle social que
interessa muito à classe econômica dominante, pois, controlando, violentando e
desmoralizando as mulheres, controla-se metade da classe trabalhadora,
controla-se sua capacidade reprodutiva, mutila sua capacidade de mobilização e
se economiza para o capital, que torna exclusivo a elas o trabalho doméstico
não remunerado”, alerta uma das ativistas do movimento.
Maria
da Penha
Embora considerada modelo internacionalmente,
a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, ainda não está atingindo o patamar
desejado, falhando na redução do sofrimento e mortes de milhares de brasileiras.
"A
gente diz o tempo todo para essas mulheres denunciarem a violência, mas nada é
feito. O Estado não reage a essa denúncia, ou se reage, fica apenas no papel.
Essa ineficiência cria um cenário de impunidade muito perverso", diz Wania
Pasinato, socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Como diria Andrea Dworkin, escritora feminista
norte-americana, “toda dominação pessoal,
psicológica, social e institucionalizada nessa terra pode ser remetida a uma
mesma fonte original: as identidades fálicas dos homens.”
Outros
dados:
- 1 bilhão de mulheres (ou uma em cada três
do planeta) já foram espancadas ou estupradas em todo o mundo;
- No Brasil, a cada quatro segundos uma
mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de
afeto;
- O ciúme desponta como a principal causa
aparente da violência, assim como o alcoolismo ou estar alcoolizado no momento
da agressão;
- Pernambuco é o Estado líder em casos de
morte de mulheres por companheiros;
- Todo ano, centenas de milhares de mulheres
e de jovens no mundo todo são vendidas a redes de prostituição sob a falsa
promessa de trabalho no setor de serviços (elas são levadas a casas onde são
espancadas e presas, depois ficam sem seus documentos de identidade e são forçadas
a prostituírem-se);
- Mulheres com idade entre 15 e 44 anos
apresentam maior risco de sofrer violência sexual e doméstica do que de serem
vítimas de câncer, acidentes de carro.
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