sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vilões: os verdadeiros heróis dos escritores!


Vilões: os verdadeiros heróis dos escritores!

Não é exagero algum dizer que uma história é tão boa quanto seu vilão.
Exemplos não faltam, em qualquer mídia: o Batman seria interessante se apenas espancasse ladrões de carteira e assaltantes "comuns" de banco? Imaginem, então, o super poderoso Super-Homem sem um desafio à altura. Ou um Harry Potter sem um Voldemort, apenas sofrendo bullying dos coleguinhas bruxos na escola. Ou um louco Capitão Arab sem uma Moby Dick para caçar.  Ou um Robert Langdon sem uma sociedade secreta para o perseguir enquanto ele procura desvendar segredos que abalam as fundações de uma ou mais religiões.

Mas, afinal o que define um "bom" vilão?
Uma das principais regras para a criação de antagonistas é que o antagonista precisa ser derrotável. Inimigos imbatíveis, como por exemplo a idade, não dão boas histórias, exceto em raras e honráveis exceções.

Um segundo ponto, mas tão importante quanto o primeiro, é que bons antagonistas são personificados, ou sejam, são homens ou de alguma forma humanizados, e não simplesmente situações, fenômenos da natureza ou grupos. "A força de uma história é exatamente igual  à força de seu antagonista."
Dwight V. Swain, escritor e roteirista americano,
autor do excelente livro "Techniques of the Selling Writer"

Hollywood leva esta segunda "regra" à risca em seus filmes - por mais que a situação seja extrema, sempre consegue-se um antagonista humano. Por exemplo, em "Twister", os antagonistas não são os furacões, mas a equipe concorrente de caçadores de furação. Em "Titanic", o antagonista não é o afundamento do navio, mas o ricaço que luta pelo amor da senhorita Rose. "Speed Racer" não é um filme de um corredor que quer vencer uma corrida, ou de um corredor contra o cartel que controla os resultados de corridas, mas sim o filme de um corredor contra um representante do cartel que controla as corridas.
A definição de um bom antagonista começa na definição da premissa da história, que é uma frase bem estruturada que define seu (futuro) livro em poucas palavras.  De maneira bem simples, na premissa você deve deixar claro "quem quer fazer o que, e quem o atrapalha, e porque"; ou seja: Quem (o protagonista) quer fazer o que (qual sua meta de vida, e como ela se reflete em seu objetivo dentro da história a ser contada), e quem o atrapalha (o antagonista) e porque (qual a meta de vida do antagonista, e como ela se reflete em seu objetivo dentro da história).

Outro ponto importante a destacar que o antagonista não necessariamente é mau, nem necessariamente é diferente do protagonista - daí a palavra "vilão" ser inapropriada em muitos casos. Tenha isso em mente quando for definir seu "vilão".

De maneira ideal, ao definir os personagens antes do início da escrita, você deverá pensar quais características antagonista e protagonista têm em comum, e quais são opostas, e quais objetivos são comuns, e quais são opostos.  As duas possibilidades geram conflitos, que o que desejamos, enquanto características simplesmente diferentes (um é inteligente, o outro é alto...) não agregam valor ao conflito.  Por exemplo, Sherlock Holmes e Moriarty são ambos inteligentes, mas um é honesto e o outro não. Batman é frio e racional e o Coringa é divertido e tem uma mente caótica. Antagonista e protagonista podem ter objetivos diferentes, como nestes exemplos, ou entrarem em conflito justamente por desejarem atingir o mesmo objetivo - como conquistar a mulher amada ou ser o primeiro homem a chegar ao Pólo Norte.
A mensagem importante aqui é: defina bem seu antagonista, pense em suas características principais, pense no que o torna único, quais são seus objetivos e em como cada um destes pontos irá gerar conflito quando ele competir com o protagonista.

Porque toda história é sobre um conflito, sobre "algo que aconteceu".  E apenas lutando contra obstáculos, contra antagonistas tão humanos quanto ele, é que nosso herói é capaz de provar seu valor.

Do Blog: Vida de Escritor

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