O
coronelismo se baseava no chamado “voto de cabresto”, quando um grande
proprietário de terra obrigava a população local a votar em determinado
candidato mediante a compra do voto e até mesmo sob ameaça. Na época da
República das oligarquias o voto era aberto, o que aumentava a pressão
das elites sobre o eleitor. Hoje em dia, embora o voto seja secreto, a
compra de votos ainda existe e o coronelismo também. Hoje os coronéis
são outros, mas a prática em sua essência é a mesma.
É
muito comum ouvirmos dizer que o ano das eleições é um ano propício
para se realizar projetos pessoais, arrumar emprego, reformar a casa,
cavar uma vaga em uma escola, etc. É compreensível que o senso comum
aceite esta realidade, uma vez que a repetição faz com que uma prática
equivocada se torne cultural. No entanto, só porque uma coisa se torna
comum, não significa que ela seja correta. São as distorções culturais
que se enraízam pela falta de outro modo de agir.
Atualmente,
grande parte da população contribui para a corrupção do processo
eleitoral ao se submeter aos favores políticos. É claro que tem muita
gente necessitada, tem muita gente com fome, enfim tem “muita gente”.
Mas essa gente é mantida na privação justamente porque a miséria gera
voto. Um povo intelectualmente despreparado é presa fácil para os
políticos inescrupulosos. O que preocupa, é que muitas vezes aqueles
possuem condições para libertar através do esclarecimento, por uma
questão cultural ou simplesmente de caráter, adotam o derradeiro “É
assim mesmo!”, o que legitima ainda mais a exploração da miséria.
O
custo de um voto comprado, seja através da doação de uma cesta básica,
ou da distribuição de contratos na prefeitura é muito baixo para o
político que possui a “máquina na mão”, porém sai caro para processo
democrático, uma vez que provoca distorções, desvia e subverte a sua
razão de ser: o bem da coletividade.
Quando
um político se apropria da coisa pública para beneficiar seus
apadrinhados, está praticando o que o sociólogo brasileiro, Bernard Sorj
chama de patrimonialismo. Além disso, o político que pratica a compra
de voto, não o faz do próprio bolso. Quando não utiliza recursos
públicos, recebe apoio financeiro dos grandes empresários e passa a
representá-los. Um político associado ao empresariado encontrará muita
dificuldade para representar o povo, uma vez que o interesses deste
geralmente é incompatível com os dos seus financiadores.
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