PEDAGOGIA DA LEITURA

 Poetisa brasileira e internacional, Tradutora e Ensaísta.
 TERESINKA PEREIRA

TERESINKA PEREIRA, poetisa brasileira e internacional, tradutora, ensaísta, mora nos Estados Unidos, onde foi professora de Literatura Brasileira. Atualmente dirige a IWA - International Writers na Artists Association.

Recebeu da Ordem Soberana da Cavalaria de Malta São João de Jerusalém, o título hereditário de "Dama de Graça"
assinado pelo Grão Prior Dom K. Vella Haber, S. O. S. J., 8 de janeiro de 1997.

Em 1999, foi eleita Senadora e Embaixadora do Parlamento Internacional de Segurança e Paz. 
 
Foi nomeada Ministro dos Direitos Humanos na Comissão dos Povos Indígenas do Parlamento Internacional. 

Recebeu o Prêmio Nacional de Teatro do Brasil, e obteve o título de Poet of the Year (Poeta do Ano) pela Canadian Society of Poets. Em 1989 foi eleita membro da Academia Norte-Americana da Língua Espanhola, correspondente da Real Academia Espanhola. Em 6 de outubro, 2002, recebeu o Prêmio Nacional "Valores Universais da Humanidade" na Itália. 

Teresinka Pereira foi indicada candidata ao Prêmio Nobel em 2005, pelo International Poetry Translation and 
 
Research Center. Em maio de 2005, recebeu a Medalha de Mérito da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. 

Em 2005, recebeu a medalha Parlamentar "Sérgio Vieira de Melo", e, em 2006, o Prêmio Mundial de Poesia na China.

Diplomas e Certificados de Doutorados e Honoris Causa:

1972. Doutora em Filosofia e Línguas Neo-Latinas da University of New Mexico, USA.
1997. Doutora Honoris Causa da Unversity Simon Bolivar, na Colombia.
1999. Professora Honoris Causa da Internationale Akademie St. Lukas de Antuerpia.
2001. Doutora Honoris Causa da International Academy of Culture anda Political Science, da Alemanha. 
2002. Doutora em Ciências Políticas e Doutora Honoris Causa da American International University of Paramaribo, Surinami. 

Poeta e tradutora, Teresinka Pereira divulga a poesia brasileira entre os povos de todos os continentes, por onde sempre viaja, em busca de novas experiências de vida e de arte poética


Escritor argentino
Jorge Luís Borges
24 /08/1899 Buenos Aires, Argentina.
14/07/1986, Genebra, Suíça.




"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".

O escritor Jorge Luis Borges nasceu na capitalargentina, Buenos Aires. Bilíngüe desde a sua infância, aprendeu a ler em inglês antes que em castelhano, por influência de sua avó materna de origem inglesa.

Aos seis anos disse a seu pai que queria ser escritor e aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto: "La Visera Fatal". Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde.

Em 1914, devido à quase cegueira total, seu pai decide passar uma temporada com a família na Europa. Em Genebra, Jorge escreveu alguns poemas em francês enquanto estudava o bacharelado (1914-1918). Sua primeira publicação registrada foi uma resenha de três livros espanhóis para um jornal de Genebra.

Em 1919, mudou-se para a Espanha e publicou poemas e manifestos na imprensa. Em 1921, retornou a Buenos Aires e redescobriu sua cidade natal, na efervescência dos anos 20. Nesse clima escreveu seu primeiro livro de poemas, "Fervor em Buenos Aires", publicado em 1923.

A partir de 1924, publicou algumas revistas literárias e, com mais dois livros, "Luna de Enfrente" (poesia) e "Inquisiciones" (ensaios), ganhou em 1925 a reputação de chefe da jovem vanguarda de seu país. Nos anos seguintes, ele se transformou num dos mais brilhantes e polêmicos escritores da América Latina.

Inventando um novo tipo de regionalismo, acrescentou uma perspectiva metafísica da realidade, mesmo em temas como o subúrbio portenho ou o tango. Nesta fase escreveu "Cuaderno San Martin" e "Evaristo Carriego". Mas logo se cansou desses temas e começou a especular sobre a narrativa fantástica, a ponto de produzir durante duas décadas, de 1930 a 1950, algumas das mais extraordinárias ficções do século, nos contos de "Historia Universal de la infâmia" (1935); "Ficciones" (1935-1944) e "El Aleph" (1949), entre outras.

Em 1937, Borges foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, o que foi seu primeiro e único emprego oficial. Saiu nove anos depois, indignado com a inclinação fascista que estava tomando a Argentina.

No que se refere ao amor, o caso mais quente do escritor argentino foi com Estela Canto, que depois lançou o livro de memórias "Borges a Contraluz". Ele conta em sua biografia que a pediu em casamento. Moderna e liberada para a época, Estela respondeu: "Eu aceitaria, Georgie, mas não podemos casar sem antes dormir juntos". Borges ficou assustado e desapareceu.

Aos 50 anos, o escritor já havia perdido parcialmente a visão. Com o passar dos anos, quando a cegueira se fez completa, sua mãe, Leonor, passou a cuidar dele, lendo e escrevendo o que ditava.

O reconhecimento literário de Borges se solidificou em 1961 com a conquista do prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, que dividiu com Samuel Beckett. Logo receberia também prêmios e títulos por parte dos governos da ItáliaFrançaInglaterra e Espanha.

Em 1967, Borges casou-se com uma amiga de infância, Elsa Astete. O casamento durou três anos e acabou com Borges fugindo de casa, sem coragem para discutir a separação. Sua mãe, Leonor, morreu em 1975. Seu segundo casamento foi com a sua ex-aluna Maria Kodama que se tornou sua secretária particular em 1981. Kodama era de origem japonesa e tornou-se a herdeira de seus direitos autorais.

Em 1983, Borges publicou no diário "La Nación" de Buenos Aires o relato "Agosto 25, 1983", em que profetizava seu suicídio. Perguntado depois porque não havia se suicidado na data anunciada, respondeu: "Por covardia". Borges afirmava freqüentemente o seu ateísmo e falava da solidão como uma espécie de segunda companheira.






Poetisa russa
Anna Andreievna Akhmatova

23-6-1889, Bolshoi Fontan (perto de Odessa)
5-3-1966, Domodedova (perto de Moscou)

O seu verdadeiro nome era Anna Gorenko. Com a clareza e a vitalidade dos seus poemas, Akhmatova opôs-se ao simbolismo literário e introduziu, com o seu marido Nikolai S. Gumiliov (executado sob a acusação de contra-revolucionário em 1921), o chamado "acmeísmo", que apostava no uso de uma linguagem poética com significados rigorosos. A sua produção, parcialmente proibida sob o governo de Stalin, é atualmente considerada uma das obras mais significativas da lírica russa do século XX. Reabilitada em 1956, a poetisa dedicou às vítimas do stalinismo o seu Réquiem (1935-1940), impregnado de matizes autobiográficos. A sua principal obra, Poema Sem Herói(1962), constitui uma reflexão poética sobre a história da Rússia contemporânea.


Escritor italiano

Pietro Aretino

19 ou 20 de abril de 1492, Arezzo (Itália)
21 de outubro de 1556, Veneza (Itália)
[creditofoto]

Famoso por suas violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, Aretino granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte. Viveu principalmente em Veneza, na Itália.

De família humilde da província - seu pai era sapateiro -, não teve formação clássica e, mesmo depois de enriquecido pelas chantagens contra os poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, fez questão de permanecer avesso às convenções classicistas, ao petrarquismo (movimento literário que sofreu a influência do poeta
Francesco Petrarca), ao moralismo e a todos os mitos que sustentavam as concepções literárias de sua época.

Aretino tornou-se famoso através dos tempos por seus escritos pornográficos, sobretudo as obras
As argumentações, Capítulos e Sonetos luxuriosos (estes últimos, admiravelmente traduzidos no Brasil por José Paulo Paes).

Porém, o escritor é muito mais importante como jornalista. Suas críticas mordazes e às vezes caluniosas eram divulgadas, numa época em que não existiam periódicos, no
Pasquino, em Roma, e em Das Letras, distribuídas em volantes.

A independência de Aretino, que dispensava a proteção dos ricos, manifestou-se também na literatura. Enquanto os comediógrafos contemporâneos imitavam
Plauto, Aretino soube ser original, utilizando uma linguagem popular oposta à linguagem retórica.

Fecundo epistológrafo

Na prosa, Aretino substituiu a metáfora petrarquista por expressões menos convencionais e mais vivas. São humanas e naturais as suas descrições de paisagens, por exemplo a do crepúsculo sobre o canal Grande em Veneza.

Na tragédia
Orazia, embora não tenha conseguido criar uma grande obra, atingiu originalidade inexistente em outros autores do teatro italiano quinhentista.

Segundo o que afirma José Paulo Paes, dando a si mesmo o título de O Flagelo dos Príncipes, Aretino exerceu sua atividade de chantagista sobretudo através das cartas que constantemente trocava com quase todas as personalidades da época. Foi, sem comparação, o mais fecundo epistológrafo da literatura italiana, onde praticamente inaugurou o gênero ao publicar, ainda em vida, seis volumes de suas
Cartas.

Em sua obra, Aretino pinta um retrato excepcionalmente vivo da sociedade italiana da
Renascença, desvendando-lhe a intimidade com uma incontinência de linguagem e um grau de realismo ao qual não chegara Giovanni Boccaccio, seu modelo evidente.
 

Enciclopédia Mirador Internacional e "Notícia biográfica", de José Paulo Paes, no volume "Sonetos Luxuriosos" (Companhia das Letras)



Revolucionária alemã de origem polonesa 


ROSA LUXEMBURGO
5-3-1871, Zamosc, Polônia
15-1-1919, Berlim

Vinda de uma família de comerciantes judeus, Rosa Luxemburgo fundou, em 1894, o Partido Social-Democrata (SPD) da Polônia e Lituânia. Em 1898, obteve a nacionalidade alemã, instalando-se em Berlim. Brilhante teórica do marxismo e forte opositora das teorias revisionistas de Eduard Bernstein, foi líder da esquerda revolucionária do SPD. Contrária à colaboração com o poder do movimento dos trabalhadores na área parlamentar, lutou contra a limitação da capacidade de ação dos sindicatos nas convenções coletivas, defendendo a greve geral política (Greve Geral, Partido e Sindicatos, 1906). 

Recusou as teses centralistas de Lênin, baseadas no bolchevismo (Problemas Organizativos da Social-Democracia Russa, 1904), e estabeleceu os princípios do socialismo democrático (A Liberdade é Sempre a Liberdade de Ter Opiniões Diferentes). 

Entre 1905 e 1906, fez parte da Revolução Russa a partir de Varsóvia, lecionando de 1907 até 1914 na escola do SPD em Berlim. Em 1913, publicou o seu tratado de economia A Acumulação do Capital

Combatendo as correntes nacionalistas do SPD, firmou seu internacionalismo proletário e seu antimilitarismo radical. Após o início da Primeira Guerra Mundial, divergindo da política de colaboração defendida por membros do SPD como Clara Zetkin, Franz Mehring ou Karl Liebknecht, fundou o Grupo Internacionalista, de que surgiu, em 1917, o Movimento Espartaquista e, um ano mais tarde, o Partido Comunista da Alemanha (KPD). Presa durante a guerra, apoiou, em 1918, os conselhos de trabalhadores e soldados, fundou o jornal Bandeira Vermelha, futuro diário oficial do KPD, e estabeleceu o programa do partido, que dirigiu ao lado de Karl Liebknecht. Após o fracassado Levante Espartaquista (janeiro de 1919), foi assassinada, como Karl Liebknecht, por oficiais do Exército.



Poeta chileno e do mundo

Pablo Neruda

12 de julho de 1904, Parral (Chile)
23 de setembro de 1973, Santiago (Chile)
da Página 3 Pedagogia & Comunicação

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Neruda foi senador pelo PC chileno e o mais conceituado poeta da literatura desse país


Neftali Ricardo Reyes, mais conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda, nasceu em Parral, a 12 de julho de 1904, e morreu em Santiago, a 23 de setembro de 1973. Filho de um ferroviário, estudou francês durante dois anos no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, participando ativamente da vida política estudantil.

Nomeado cônsul-geral do Chile em Rangún, na Birmânia, em 1927, Neruda continuaria sua carreira diplomática em Djacarta, Madrid (durante o período da Guerra Civil Espanhola) e México, onde foi embaixador de 1940 a 1942. Eleito senador em 1945, permaneceu exilado em Paris de 1948 a 1952. Em 1971, foi mais uma vez nomeado embaixador do Chile, agora em Paris, e recebeu o Prêmio Nobel de literatura.

Lirismo e política

Um dos maiores poetas chilenos e da literatura contemporânea, a obra de Neruda tem fases distintas. Ele pode ser o poeta lírico e angustiado de Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924) ou pode elaborar versos de cunho político e, em alguns momentos, com características épicas, como em Canto geral (1950).

No livro Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, Neruda canta o amor, a ausência da mulher amada, e cultua uma tristeza que chega ao desespero. Os versos são, muitas vezes, herméticos, e as comparações extravagantes guardam poucos pontos de contato com a realidade.

Em Tentativa do homem infinito, de 1925, uma densa atmosfera de angústia dá vida ao caos verbal: a sintaxe e a ortografia são absolutamente livres - e as imagens, em certos trechos, incompreensíveis. Mais tarde, na obra Residência na terra, a angústia assume proporções trágicas, e Neruda fala sobre a morte, a ruína, a desintegração do mundo.

A visão dos horrores da Guerra Civil Espanhola fará com que a preocupação social, acompanhada do engajamento político-partidário, influencie sua poesia. Assim, no livro Espanha no coração o poeta colocará seu talento a serviço do comunismo, e sua missão será conseguir adeptos, denunciar, converter.

Canto em defesa da América Latina

Neruda será, portanto, cada vez menos lírico e cada vez mais épico. Os versos se transformam, perdem todo o hermetismo e tornam-se simples, pois o poeta deseja ser lido pelos operários. O ponto culminante dessa nova poética pode ser encontrado em Canto geral.

Tendo abandonado a carreira diplomática, o poeta candidata-se ao Senado chileno pelo Partido Comunista, que faz parte de uma ampla coalizão para apoiar José Antonio Ríos Morales à presidência. Neruda é eleito senador em 1945. Mas, em 1946, Ríos Morales, que havia sido eleito presidente, vem a falecer. Gabriel González Videla passa a ocupar a presidência e instaura a censura na imprensa, dando início a uma onda de repressão contra sindicatos e trabalhadores.

Neruda não se cala. Publica, no jornal El Nacional, em Caracas (Venezuela), sua "Carta íntima para milhões de homens", denunciando as traições e os crimes de Videla. E, logo depois, no Senado, profere o famoso discurso "Eu acuso", no qual ataca a política e a pessoa do presidente. Em resposta, o governo requer à Corte Suprema a cassação do mandato de Neruda e sua prisão. Os magistrados acatam o pedido. Neruda passa, então, à clandestinidade, viajando, como fugitivo, por diversos pontos do país. Mas, enquanto foge com a ajuda de centenas de famílias pobres, escondendo-se e conseguindo sobreviver, escreve Canto Geral.

As constantes mudanças de endereço duram cerca de um ano, enquanto Videla rompe com os comunistas, expurga seus representantes do Congresso e proscreve o partido. Por fim, com o auxílio de agricultores e arrieiros, Neruda escapa pela zona austral da Cordilheira dos Andes, rumo à Argentina e, de lá, para a França.

Canto Geral é, portanto, a resposta poética de Neruda à traição de Videla e às injustiças históricas da América Latina, obra na qual ele transforma seu verso em arma de combate, denunciando os crimes do imperialismo americano e fazendo uma revisão histórica dos séculos de dominação estrangeira e, também, das lutas de resistência.

Apoio a Salvador Allende

Neruda regressaria ao Chile em 1952. Volta a participar da vida política, apoiando Salvador Allende em suas inúmeras campanhas à presidência da República. Em 1970, renuncia à sua candidatura à presidência para favorecer Allende, que vence as eleições em 4 de setembro. No ano seguinte, em março, é nomeado embaixador do Chile na França. Em outubro, a Academia Sueca o escolhe para o Prêmio Nobel de literatura.

A partir de 1971, no entanto, a saúde de Neruda se deteriora. Obrigado a sofrer várias cirurgias, falece a 23 de setembro de 1973, poucos dias depois do golpe militar que derrubou o governo de Salvador Allende.

A obra completa de Pablo Neruda reúne mais de 40 livros, escritos entre 1923 e 1973. Mais informações podem ser encontradas no site da Fundação Pablo Neruda.
Enciclopédia Mirador Internacional


Escritor colombiano

Gabriel José García Márquez

06/03/1928, Aracataca (Colômbia)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação


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Márquez recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982

Gabriel José García Márquez nasceu em Aracataca (Colômbia), e foi criado na casa de seus avós maternos, que iriam influenciar o futuro literato com as histórias que contavam. O avô, coronel Nicolas Márquez, veterano da guerra civil colombiana (que se estendeu de 1899-1902), narrava-lhe suas aventuras militares, e a avó, Tranquilina Iguarán, relatava fábulas e lendas que transmitiam sua visão mágica e supersticiosa da realidade.

García Márquez, ou simplesmente Gabo, completou os primeiros estudos em Barranquilla e Zipaquirá, onde teve um professor de literatura, Carlos Julia Calderón Hermida, que desempenhou papel marcante em sua decisão de se tornar um escritor e a quem dedicaria seu romance "O Enterro do Diabo" (1955). Por insistência dos pais, Márquez chegou a iniciar o curso de direito na Universidade Nacional, em Bogotá, mas logo enveredou para o jornalismo, assumindo uma coluna diária no recém-fundado jornal "El Universal". Nunca se graduou.

Nessa época, final da década de 1940, publicou seus primeiros contos, "La Tercera Resignación" e "Eva Está Dentro de su Gato". Consagrou-se na carreira jornalística ao ingressar na redação de "El Espectador", onde se tornou o primeiro crítico de cinema do jornalismo colombiano e depois um brilhante cronista e repórter, que exerceu influência na vida cultural do país. Em 1955, viajou para a Europa como correspondente do jornal, após a publicação de uma extensa reportagem, "Relato de um Náufrago", que desagradou ao governo do general Roja Pinillas.

No final dos anos 50, de volta às Américas, trabalhou em Caracas (Venezuela), em Cuba, onde passou seis meses, e em Nova York, dirigindo a agência de notícias cubana Prensa Latina. Em 1960, García Márquez mudou-se para a Cidade do México e começou a escrever roteiros para cinema. No ano seguinte, publicou "Ninguém Escreve ao Coronel" e, em 1962, "O Veneno da Madrugada", que ganhou o Prêmio Esso de Romance, na Colômbia.

Em 1966, segundo depoimento do escritor mexicano Carlos Fuentes, quando voltava do balneário de Acapulco para a Cidade do México, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever o romance que ruminava há mais de uma década. Largou o emprego, deixando o sustento da casa e dos dois filhos a cargo da mulher, Mercedes Barcha. Isolou-se pelos próximos 18 meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou aquele que seria sua obra mais conhecida, "Cem Anos de Solidão" (1967) - unanimemente uma obra-prima da literatura em língua espanhola.

Com o sucesso, mudou-se para Barcelona, Espanha, onde permaneceu até 1975, passando temporadas em Bogotá, México, Cartagena (Colômbia) e Havana. Em 1981, voltou para a Colômbia. Acusado pelo governo de colaborar com a guerrilha, exilou-se no México. Nesse período, publicou novos romances, livros de contos e antologias de sua produção jornalística e de ficção.

Em 1982, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Segundo se soube posteriormente, a premiação foi disputada com o escritor inglês Graham Greene e o alemão Günther Grass. Diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados, pronunciou o discurso "A Solidão da América Latina", questionando os estereótipos com que os latino-americanos eram vistos na Europa e a falta de atenção dos países ricos ao continente.

O escritor retornou ao jornalismo em 1999, quando passou a dirigir a revista "Cambio". Em 2002, publicou "Viver Para Contá-la", primeiro volume de sua autobiografia. Entre outras obras de destaque, García Márquez é o autor de "Crônica de uma Morte Anunciada" (1981), "O Amor nos Tempos do Cólera" (1985), "O General em Seu Labirinto" (1989) e "Notícias de um Seqüestro" (1996). O último romance que publicou, em 2004, intitula-se "Memórias de Minhas Putas Tristes".

Alguns de seus textos foram adaptados para o cinema, como "Eréndira", de 1983, estrelado por Cláudia Ohana e dirigido por Ruy Guerra, e "O Amor nos Tempos do Cólera", de 2007, dirigido pelo inglês Mike Newell, e com a participação de Fernanda Montenegro.

Fontes: Banco de Dados/Folha de S. Paulo e edição comemorativa dos 40 anos de "Cien Años de Soledad", Madrid, 2007, Real Academia Española



Pintora brasileira

Anita Malfatti

2/12/1889, São Paulo (SP)
6/11/1964, Diadema (SP)
Da Página 3 Pedagogia e Comunicação

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A pintora Anita Malfatti teve a primeira mostra criticada de forma conservadora por Monteiro Lobato


Não fazia nem um mês desde que o Brasil deixara de ter imperador para se transformar numa República, quando nasceu Anita Catarina Malfatti. São Paulo, sua cidade natal, contava com menos de 50 mil habitantes - e acabara de ganhar seu primeiro transporte coletivo, o bonde puxado a burro.

Os primeiros estudos artísticos de Anita foram orientados pela mãe. Elisabete, de nacionalidade norte-americana, era pintora, desenhista e falava vários idiomas. Anita se formou professora aos 19 anos, no Mackenzie, em São Paulo. Nessa época, morreu seu pai, responsável pelo sustento da família. A partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, e Anita começou a trabalhar como professora. No entanto, seu talento para a pintura sensibilizou o tio e o padrinho de tal forma que eles juntaram dinheiro para mandar a moça estudar na Academia de Belas-Artes de Berlim, na Alemanha.

Lá, Anita foi a uma grande exposição de pintura moderna. "Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tintas, e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei: o artista está certo", ela contaria muitos anos mais tarde, ao recordar sua estada na capital alemã.

Ela acabava de ter contato com a arte dos rebeldes, desligados do academicismo ensinado nas escolas. Na ocasião, Anita se deu conta de que nada no mundo era incolor ou sem luz. Fascinada, aproximou-se do grupo e passou a ter aulas, primeiro com Luís Corinth, o pintor daquelas telas, e depois com Bischoff-Culm, aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal.

A pintora voltou ao Brasil e realizou sua primeira exposição individual, em 1914. Em seguida, foi para os Estados Unidos onde estudou com Homer Boss, com a liberdade de pintar o que desejasse, livre de imposições.

Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação. Anita produziu telas como "O homem amarelo", "Mulher de cabelos verdes", "O Japonês", ainda hoje tidas entre suas melhores obras.

Em 1917, São Paulo já contava com quase 500 mil habitantes - mas ainda era uma cidade acanhada em termos de vida cultural. Nesse ano Anita fez outra exposição, muito importante porque foi considerada a semente do modernismo. "Foi ela, foram os seus quadros, que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras" disse o escritor Mário de Andrade, outro expoente do modernismo brasileiro.

No entanto, o editor e autor Monteiro Lobato, em artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", criticou a mostra, esperando atingir seu alvo principal, os modernistas, como Di Cavalcanti, companheiros da pintora. Ela recebeu mal a crítica. Entrou em depressão e parou de pintar. Um ano depois, decidida a ser mais convencional, foi tomar aulas de natureza-morta com Pedro Alexandrino Borges, e se tornou amiga da pintora Tarsila do Amaral.

Os trabalhos de Anita foram exibidos na Semana de Arte Moderna de 1922 e em outras exposições, onde foi premiada e consagrada. Em 1933, conquistou a grande medalha de prata do Salão de Belas-Artes em São Paulo - nesse ano, a cidade completava a marca de um milhão de habitantes. Expôs na 1ª. Bienal paulista, em 1951. Quando a população paulistana passava dos quatro milhões, em 1963, Anita mereceu sala especial nessa mesma exposição.

A pintora teve um amigo, confidente, sua paixão platônica de toda uma vida: Mario de Andrade. Ao que tudo indica, Mario sabia do amor de Anita, mas os dois nunca falaram sobre isso. Ele morreu, solteiro, em 1945. No décimo aniversário da morte do escritor, ela escreveu-lhe uma carta:

"Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da expectativa."



Poetisa Brasileira

Cecília Meireles

7/11/1901, Rio de Janeiro (RJ)
9/11/1964, Rio de Janeiro (RJ)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação


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Cecília Meireles, por Arpad Szènes


"Eu canto porque o instante existe/ E a minha vida está completa/ Não sou alegre, nem sou triste:/ - Sou poeta." Esses versos, a primeira estrofe do poema "Motivo", são bastante significativos sobre a concepção de vida e de arte que manifestou Cecília Meireles.

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil, e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal.

O pai faleceu três meses antes do seu nascimento e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Desse modo, foi criada por sua avó, Jacinta Garcia Benevides.

Concluiu o curso primário em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebeu de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomou-se no Curso Normal, em 1917, passou a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publicou seu primeiro livro de poesias, "Espectros". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925. Nesse meio tempo, casou-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, que se tornou uma atriz teatral consagrada.

De 1930 a 1931, manteve no "Diário de Notícias" uma página diária sobre problemas de educação. Em 1934, organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Seu primeiro marido suicidou-se em 1935. Neste mesmo ano e até 1938, passou a lecionar literatura luso-brasileira e técnica e crítica literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ). Colaborou, ainda, ativamente, de 1936 a 1938, no jornal "A Manhã" e na revista "Observador Econômico". Em 1940, casou-se com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

O Prêmio de Poesia Olavo Bilac, que recebeu da Academia Brasileira de Letras, pelo seu livro "Viagem", em 1939, foi o primeiro reconhecimento da alta qualidade de sua obra poética. De fato, Cecília Meirelles ocupa lugar de destaque entre a chamada Segunda geração do modernismo brasileiro.

Aposentou-se em 1951 como diretora de escola, porém continuou a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ). Da mesma forma, manteve-se ativa e viajou por diversos países do mundo, ministrando conferências sobre poesia e literatura brasileira. Recebeu diversas honrarias, como a Ordem de Mérito do Chile, e o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Nova Delhi, na Índia.

Recebeu o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962 e, no ano seguinte, ganhou o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. No ano de sua morte, recebeu ainda o Jabuti de poesia pelo livro "Solombra", e, postumamente, em 1965, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

Sua poesia foi traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindi e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner.



Escritor português

José Saramago

16/11/1922 Azinhaga (Portugal)
18/06/2010, Lanzarote (Espanha)

Do Banco de Dados da Folha



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antes de se dedicar à
literatura, Saramago
trabalhou como mecânico


José de Sousa Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses.

Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.

Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado, só voltando a publicar (um livro de poemas) em 1966.

Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.

Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, visto hoje como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois.

Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde viveu até a morte. Foi ele o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.

Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).
Morreu em 18 de junho de 2010, em Lanzarote, Espanha.



Artista plástico lituano, naturalizado brasileiro

Lasar Segall

21/7/1891, Vilna, Lituânia
2/8/1957, São Paulo - SP
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

[creditofoto]


No ano de 1923, o pintor lituano Lasar Segall mudou-se para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte conheceu o "milagre da luz e da cor".

De família judia, Lasar Segall desde cedo manifestou interesse pelo desenho. Iniciou seus estudos em 1905, quando entrou para a Academia de Desenho de Vilna, sua cidade natal. No ano seguinte, mudou-se para Berlim, passando a estudar na Academia Imperial de Berlim, durante cinco anos. Mudou-se, a seguir, para Dresden, estudando na Academia de Belas Artes.

Em fins de 1912, Lasar Segall veio ao Brasil, encontrando-se com seus irmãos, que moravam aqui. Realizou suas primeiras exposições individuais em São Paulo e em Campinas, em 1913, mas regressou à Europa, casando-se, em 1918, com Margarete Quack.

Fundou, com um grupo de artistas, o movimento "Secessão de Dresden", em 1919, realizando, a seguir, diversas exposições na Europa.

Segall mudou-se para o Brasil em 1923, dedicando-se, além da pintura, às artes decorativas. Criou a decoração do Baile Futurista, no Automóvel Clube de São Paulo, e os murais para o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado.

Já separado de sua primeira esposa, casou-se em 1925 com Jenny Klabin, com quem teve os filhos Maurício e Oscar. Nessa época, passou a viver com a família em Paris, onde se dedicou também à escultura. Suas obras nessa fase remetem à atmosfera familiar e de intimidade.

Em 1932, Segall retornou ao Brasil, instalando-se em São Paulo na casa projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, seu cunhado. Essa casa abriga, atualmente, o Museu Lasar Segall.

Sua produção na década de 1930 incluiu uma série de paisagens de Campos do Jordão e retratos da pintora Luci Citti Ferreira. Em 1938, Segall realizou os figurinos para o balé "Sonho de uma Noite de Verão", encenado no Teatro Municipal de São Paulo.

Uma retrospectiva de sua obra no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, foi realizada em 1943. Nesse mesmo ano, foi publicado um álbum com textos de Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Jorge de Lima.

Em 1951, Segall realizou uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Três anos depois, criou os figurinos e cenários do balé "O Mandarim Maravilhoso".

O Museu Nacional de Arte Moderna preparou uma grande retrospectiva de sua obra em 1957, em Paris. Lasar Segall morreu nesse mesmo ano, de problemas cardíacos, em sua casa, aos 66 anos.



Escritor português

Fernando Pessoa

13/06/1888, Lisboa (Portugal)
30/11/1935, Lisboa (Portugal)
Do Stockler Vestibulares*

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Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Em 1893 morre seu pai e em 1894, seu irmão, Jorge. No ano seguinte, sua mãe casa-se com João Miguel Rosa, cônsul português em Durban, na África do Sul. Em 1896, a família parte para Durban onde Fernando Pessoa estuda e aprende o inglês. Em 1905, ele regressa definitivamente a Lisboa, com intenção de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare, Wordsworth e filósofos gregos e alemães. Toma contato com a poesia francesa, especialmente a de Baudelaire e lê os poetas portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Em 1907, abandona o curso superior e monta uma tipografia que mal chega a funcionar. No ano seguinte, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em casas comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas, nem horários.
Tudo vale a pena se a alma não é pequena
Fonte: O Pensador

Em 1912, Pessoa inicia sua colaboração na revista A Águia. Inicia correspondência com Mário de Sá-Carneiro que, de Paris, manda a Pessoa notícias do Cubismo e do Futurismo. Pessoa escreve, em inglês, o poema Epithalamiun e, em português, o drama O Marinheiro. Vai elaborando o projeto de vários livros e traz um novo movimento: o Paulismo, tudo isso no ano de 1913. No ano seguinte, publica Paúis, sob o título de Impressões do Crepúsculo e aparecem os heterônimos*: Alberto Caeiro e seus discípulos Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Fernando Pessoa compõe Ode Triunfal, encaminhando-se para o Sensacionismo e para o Futurismo, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Compõe ainda Chuva Oblíqua (poesia ortonímica), delineando o Interseccionismo.

Em 1915, surge a revista Orpheu, marco do Modernismo em Portugal. O primeiro número, dirigido por Luís Montalvor e Ronald de Carvalho, publica os poemas Ode Triunfal e Opiário (Álvaro de Campos) e O Marinheiro (Fernando Pessoa). No segundo número, saem Chuva Oblíqua e Ode Marítima. No mesmo ano, Fernando Pessoa inicia-se no esoterismo, traduzindo um Tratado de Teosofia. Em 1919, escreve Poemas Inconjuntos, assinados por Alberto Caeiro, apesar deste ter morrido em 1915. Em 1920, Pessoa passa a morar com sua mãe, que regressara, viúva, da África do Sul. Ela falece em 1925. Cinco anos depois, Pessoa escreve mais poemas, assinados por seus heterônimos. Em 1934, publica Mensagem, livro de poemas de cunho místico-nacionalista, única obra em português publicada em vida. Em 1935, no dia 30 de novembro, no Hospital São Luís, em Lisboa, morre Fernando Pessoa.
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Fonte: O Pensador


*Os heterônimos (diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa)

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são:

1- Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889 - o mais objetivo dos heterônimos. Busca o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que se volta para a fruição direta da Natureza; busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. Neste sentido, é o antípoda de Fernando Pessoa "ele-mesmo", é a negação do mistério, do oculto.

Coerente com a posição materialista, antiintelectualista, adota uma linguagem simples, direta, com a naturalidade de um discurso oral. Os versos simples e diretos, próximos do livre andamento da prosa, privilegiam o nominalismo, a "sensação das coisas tais como são". É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura. Mas, sob a aparência exterior de uma justaposição arbitrária e negligente de versos livres, há uma organização rítmica cuidada e coerente. Caeiro é o abstrador paradoxalmente inimigo de abstrações; daí a secura e pobreza lexical de seu estilo.

2- Ricardo Reis, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos, tendendo à vernaculidade e ao formalismo. Tem consciência da fugacidade do tempo; apóia-se na mitologia greco-romana; apresenta-nos uma musa (Lídia) e, filosoficamente, é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, mas sem exageros, sossegadamente, porque a morte está à espreita. Médico que se mudou para o Brasil.

3- Álvaro de Campos, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso, por uma linguagem de tom irreverente. Essa modernidade tem ligações claras com o cosmopolita Cesário Verde, com Walt Whitman e com o Futurismo. Sentindo e intelectualizando suas sensações (sentir e pensar), Campos percebe a impossibilidade de não pensar, observa criticamente o mundo e a si próprio, angustiando-se diante do tempo inexorável e do absurdo da vida. Apresenta-se como o engenheiro inativo, inadaptado, inconciliado, com consciência crítica.

*O Stockler Vestibulares foi fundado em 1984, em São Paulo.








Escritor paulista

Cassiano Ricardo

26/07/1895, São José dos Campos (SP)
14/01/1974, Rio de Janeiro (RJ)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
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Cassiano Ricardo Leite era filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na cidade natal. Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917.

De volta a São Paulo, participou do movimento de reforma literária iniciada na Semana de Arte Moderna (1922). Também fez parte dos grupos nacionalistas "Verde Amarelo" e "Anta", ao lado de Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Cândido Mota Filho e outros.

No jornalismo, Cassiano Ricardo trabalhou como redator no "Correio Paulistano", e dirigiu "A Manhã", do Rio de Janeiro. Em 1924, fundou a "Novíssima", revista literária dedicada à causa dos modernistas e ao intercâmbio cultural pan-americano. Também foi o criador das revistas "Planalto" (1930) e "Invenção" (1962).

Em 1937 fundou, com Menotti del Picchia e Mota Filho, a "Bandeira", movimento político que se contrapunha ao Integralismo. Dirigiu, na mesma época, o jornal "O Anhangüera", que defendia a ideologia da Bandeira, condensada na fórmula: "Por uma democracia social brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas." Também pertenceu ao Conselho Federal de Cultura, à Academia Paulista de Letras e à Academia Brasileira de Letras.

Poeta de caráter lírico-sentimental, em seus primeiros livros, "Dentro da Noite" (1911) e "A Flauta de Pã" (1917), ainda está preso ao Parnasianismo. A partir de "Vamos Caçar Papagaios" (1926) adere ao movimento de 1922, embora ainda não tenha superado a sensibilidade parnasiana.

Sua linguagem incorpora os valores da prosa, com definições e explicações freqüentes, mas sem prejuízo da linguagem poética. Obras mais expressivas: "Borrões de Verde e Amarelo" (1927), "Martim Cererê" (1928) e "Marcha para Oeste" (1940).

Acompanhou de perto as experiências do Concretismo e do Praxismo, movimentos da poesia de vanguarda nas décadas de 50 e 60.

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